EVANGELHO: Mc 1,12-15
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Marcos.
– Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 12o Espírito levou Jesus para o deserto. 13E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam.
14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
– Palavra da Salvação
– Glória a vós Senhor.
Comentário do Evangelho
Todos os anos, no primeiro domingo da Quaresma, nós nos encontramos com Jesus no Deserto da Tentação, mas, no segundo, subimos com ele ao Monte da Transfiguração. Vamos então ao deserto para lá permanecermos durante quarenta dias, que é o tempo da nossa Quaresma. No deserto, Jesus foi posto à prova por Satanás. Conviveu com as feras e os anjos o serviam. O que Satanás queria saber? Esta leitura é do Evangelho de São Marcos, no qual o demônio perguntará a Jesus se ele veio para arruiná-lo. Apesar de todo o seu poder, Satanás sabe que Deus lhe põe limites. Quem é esse Jesus que convive com as feras? O deserto se transformou em paraíso? Bezerro e leão já andam juntos como nas visões do profeta Isaías? E estes anjos que o servem são os mesmos que alimentaram Elias e Habacuc no deserto? O anjo de Deus alimentou Elias, que caminhou quarenta dias e quarenta noites em direção ao monte de Deus, o Horeb. “Levanta-te e come, que o caminho é longo”, disse-lhe o anjo. Quando Daniel estava na cova dos leões, o anjo do Senhor agarrou o profeta Habacuc pelos cabelos e o levou até a Babilônia com alimento para Daniel, que agradeceu a Deus dizendo: “Tu te recordaste de mim, ó Deus, e não abandonaste os que te amam”. E os anjos o serviam. Deste deserto onde estamos, vemos descortinar-se um horizonte de luz. O Reino de Deus se aproxima. Completou-se o tempo.
João Batista é preso e sai de cena. Jesus entra em cena, vai para a Galileia e proclama o Evangelho de Deus. Diz em quatro sentenças: Completou-se o tempo. O Reino de Deus está próximo. Convertam-se. Creiam no Evangelho. As etapas da história da salvação estão se realizando e já nos aproximamos da sua plenitude. A presença do próprio Deus em Jesus Cristo nessa mesma história dá ao mundo a possibilidade de derrotar a serpente e reconstruir o paraíso. O reinado de Deus, porém, não chega a nós sem a nossa colaboração. Daí o pedido: acreditem no Evangelho ou nesta boa notícia, tenham fé e se convertam. Mudem de direção, mudem os rumos da história e passem a ver a realidade do mundo com os olhos da fé. Está aí a conversão.
A violência se instaurou no mundo e ele se corrompeu. Deus então decidiu fazer chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e desaparecer da superfície do solo todos os seres que ele fez. Assim está escrito no livro do Gênesis. No entanto, as águas que caíram sobre toda a humanidade e que foram águas de punição tornaram-se, com a Morte e Ressurreição de Jesus, águas de salvação. Já não haverá dilúvio para devastar a terra, disse Deus a Noé, e colocou no céu o arco-íris como sinal de aliança entre ele e a humanidade. As águas não mais se tornarão um dilúvio para destruir toda carne.
Para São Pedro, num texto considerado enigmático, as águas do dilúvio se transformaram em águas do batismo para a nossa salvação. Na realidade aquelas águas purificaram a humanidade do pecado da violência, que foi a causa do dilúvio. Os que morreram no tempo de Noé receberam a visita de Cristo ressuscitado que lhes pregou a salvação. E nós saímos ressuscitados das águas do batismo com uma boa consciência diante de Deus.
Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2018’, Paulinas.
LEITURA ORANTE
Oração Inicial
Neste primeiro domingo da Quaresma, Jesus nos faz um convite: “Convertei-vos e crede na Boa Nova”. O anúncio da Boa Nova começa justamente por “convertei-vos”. Converter-se é voltar o olhar, o coração, a vida toda para Jesus. Confiemos na presença do Espírito Santo. O mesmo Espírito que fez Jesus sair para o deserto nos conduz e fortalece na nossa caminhada quaresmal.
Rezemos: “Vem, Espírito Santo! Faze-nos amar as Escrituras, para reconhecermos a voz viva de Jesus. Torna-nos humildes e simples, a fim de compreendermos os mistérios do Reino de Deus. Amém.”
Leitura (Verdade)
Leia o texto acolhendo cada palavra em seu coração. Depois, leia-o novamente fazendo pequenas pausas para repetir as palavras que mais chamam sua atenção. Qual é a temática do Evangelho de hoje? Quais são as palavras ditas por Jesus? O que lembra o deserto? Qual experiência Jesus vive no deserto? O que quer dizer “o Reino de Deus está próximo”?
“[…] O relato das tentações de Jesus em Marcos é o mais breve dos evangelhos sinóticos, mas denso de significado. Nesse breve relato, Marcos não descreve as tentações de Jesus; ele se contenta em simplesmente dizer que Jesus foi tentado. Jesus vai ao deserto, lugar de provação e, ao mesmo tempo, de revelação da misericórdia de Deus para se preparar para o seu ministério público. Essa preparação, o texto nos sugere, é um combate espiritual, que acontece no coração de Jesus, contra as forças do mal. A sua missão requer uma preparação espiritual adequada. A menção dos anjos que serviam Jesus tem um duplo significado: Deus permanece com o seu Filho nesse combate espiritual, e Jesus, pela sua união com Deus, vence as tentações. Após as tentações, Jesus começa o seu ministério. O início do ministério de Jesus está em continuidade com a pregação de João Batista: é um apelo à conversão” (Carlos Alberto Contieri, sj, em “A Bíblia dia a dia”, da Paulinas Editora).
Meditação (Caminho)
Mantenha-se em silêncio por alguns instantes e procure perceber o que o texto diz para sua vida. Qual palavra encontrou maior sintonia com os apelos do seu coração? Deixe a Palavra de Deus encontrar espaço em sua vida. Examine sua consciência, reveja suas ações, confronte suas atitudes com a mensagem de Jesus. O que você compreende por tentações? Como ecoam em você as palavras de Jesus: “Convertei-vos e crede na Boa Nova”? O texto nos mostra o caminho a ser percorrido durante este tempo litúrgico: acolher a Boa Nova do Reino, que é o próprio Cristo, e viver em contínua conversão, voltando-nos – mente, vontade e coração – para o Senhor.
Oração (Vida)
Peça ao Senhor a graça de viver com profundidade este tempo que a liturgia nos apresenta: a graça do encontro com o Pai misericordioso, a graça do despojamento, da humildade, da simplicidade do coração, da conversão pessoal. Reze também pela Igreja, que vive a Campanha da Fraternidade.
“Deus e Pai, nós vos louvamos pelo vosso infinito amor e vos agradecemos por ter enviado Jesus, o Filho amado, nosso irmão. Ele veio trazer paz e fraternidade à terra e, cheio de ternura e compaixão, sempre viveu relações repletas de perdão e misericórdia. Derrama sobre nós o Espírito Santo, para que, com o coração convertido, acolhamos o projeto de Jesus e sejamos construtores de uma sociedade justa e sem violência, para que, no mundo inteiro, cresça o vosso Reino de liberdade, verdade e paz. Amém.”
Contemplação (Vida e Missão)
Sintetize em poucas palavras o apelo que você sentiu em seu coração, para colocá-lo em prática durante o dia. O que você se propõe a viver? Como pretende atingir esse propósito?
Bênção
– Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
– Que Ele nos mostre a Sua face e se compadeça de nós. Amém.
– Que volte para nós o Seu olhar e nos dê a paz. Amém.
– Abençoe-nos, Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Nenhum comentário:
Postar um comentário